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16 de Agosto de 2010


Após uma longa viagem desde Lisboa, passando por Budapeste, finalmente chegamos. Skopje… Eram sensivelmente 2:00h, quando dois miúdos nos abordam à saída do aeroporto e perguntam: - Portugalia? E no meio de risos que foram constantes durante o percurso de 13 horas de viagem, respondemos que sim. E de facto eram os nossos motoristas, tradutores, anfitriões durante os 10 dias que estivemos na Macedónia.

À saída do aeroporto entrámos numa carrinha Wolkswagen Passat, o nosso carro de luxo (muito embora esperássemos um prometido Audi A6), porque a maioria ainda são os tão famosos “Yugos” e seguimos numa viagem alucinante à procura do Hotel que se situava na zona antiga da cidade. Durante o percurso um dos nossos anfitriões ou talvez os dois não percebi, decidiu cortar caminho, para uma zona estranha, escura, que parecia que ia a lugar nenhum. Aí o André diz-nos com muita calma: - Atenção! É agora que vão parar o carro, encostar-nos a uma parede e fuzilarem-nos um a um... Dá-me um ataque de riso gigantesco, eu não estava a acreditar no que estava a acontecer, era simplesmente surreal, e ouço o primeiro palavrão em Macedónio (ficou gravado na memória e foi a primeira coisa que ensinei ao meu sobrinho quando cheguei a Portugal), os miúdos enganaram-se no percurso.

Finalmente chegámos ao tão desejado Hotel Super 8, mais 30 minutos no check in, o inglês do recepcionista era quase inexistente e o Macedónio do André estava algo enferrujado, talvez tenha sido muito mais tempo,mas já tinha perdido a sua noção. Fomos então para os nossos quartos e fizemos uma pequena reunião no grande terraço do meu. Aí começamos a observar os contrastes que aquela cidade tem com as nossas e os encontros que vamos tendo com a nossa memória. Fumámos cigarros e ansiámos por abrir a garrafa de vinho que estava na minha “suite”, decidimos que não, era muito tarde e às 8:00h já teríamos de estar a tomar o pequeno almoço para filmar às 8:30h.

De tão ansiosa que estava, e do entusiasmo que não me deixava dormir eram 4:30h e começo a ouvir qualquer coisa estranha na rua, mas como estava meia dormente devido ao cansaço ao início ignorei, mas continuava e tive de sair para o terraço para ver o que se passava. Senti um misto confuso  de sensações. Estavam a chamar para a oração, era a Azan muçulmana que do alto dos minaretes chamam todos para rezar a Alá. Foi dos momentos mais bonitos que presenciei, que não consigo descrever, mas que me fizeram chorar copiosamente e penso: assim inicia o primeiro dia num país que sentes também teu.

 Sónia Santos

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